De início, pensamos em gravar uma performance de um bailarino e ator em que ele percorria os lugares de Belém e declamaria uma poesia junto a sua performance corporal. Entretanto, tivemos divergências de ideias em relação a como iriamos construir a imagem e também não tínhamos tempo e recursos financeiros para gravar no prazo em que a disciplina pede. Logo, decidimos pesquisar por exemplos na internet, principalmente vídeos em que utilizasse de efeitos visuais práticos para facilitar nosso problema com o tempo. Nos apaixonamos por vídeos que utilizavam tintas dentro de um aquário e eram gravados com câmera de grande escala de FPS, demonstrando todo seu trajeto, movimento e espacialidade dentro d’água, junto com outros objetos também. Com isso, tentamos experimentar os corantes sobrepostos a vídeos de arquivos, porém sem sucesso, não conseguíamos formar um conceito e não estava agradável visualmente para nós. Durante a experimentação, foi bastante dificultoso, pois tínhamos um conflito em relação do que realmente era um vídeo-arte. Tínhamos que passar uma reflexão? Podíamos experimentar efeitos visuais, por apenas experimentar? Trazer sensações?... Isso! O importante da nossa vídeo-arte era trazer sensações visuais e auditivas. Utilizamos corantes, uma lupa e um pote transparente e experimentamos e o que nos foi presenteado foram movimentações semelhantes a explosões, dissoluções e etc. Decidimos então trabalhar diversos conceitos. O primeiro foi sobre o universo, passando por morte de estrelas e planetas. Utilizamos corantes das cores: vermelho azul e amarelo. Decidimos utilizar essas cores, pois elas são cores primárias, que formam outras cores, como o verde, rosa, roxo e até o próprio amarelo com tons distintos. Tudo isso de acordo com as formas e as cores produzidas naquele instante. Aplicando posteriormente a como as estrelas se formam, relacionamos ao ato das estrelas com sua enorme gravidade, fundir átomos como hélio e hidrogênio devido a pressão assim virando energia pura. A estrela com o passar dos anos continuar a fundir materiais bem mais pesados que os anteriores, fazendo que a fusão fique poderosa demais, aumentando a temperatura, deixando ela densa o suficiente para engolir pequenos planetas ou outras estrelas que estão a sua volta, até chegar o momento em que ela explode, gerando uma supernova que espalha todos os seus diversos materiais por toda a galáxia. Utilizamos um som ao fundo, seria o ressonar das baleias e uma frequência convertida em sonora que teria sido captado em Júpiter, gerando uma sensação de solidão assustadora, pois a nascimento e a morte de uma estrela parece ser um processo tão solitário e doloroso, porém dramático e belo. Ao mesmo tempo o som é confortável demais para se desprender. Há também um outro momento que retrata um possível futuro para o nosso planeta. Representando com tom verde e azul o que pode ser o planeta Terra passando uma futura catástrofe. Outro conceito captado foi a representação do universo particular de cada sujeito. Na edição utilizamos o software Adobe Premiere e usamos ferramentas de colorização para realçar algumas cores e ferramentas que mexiam com opacidade para esconder a luz em volta da lupa. Após isso, percebemos que a vídeo-arte ficaria ótimo em instalações, passando em loopings em uma sala escura quadrada, projetando frames diferentes em cada lado. Decidimos não contar exatamente para nossos colegas de classe sobre o que o vídeo é, para saber o que as pessoas puderam ver, sentir e ouvir durante a reprodução de tal. Infelizmente não obtivemos nenhuma reação por parte da sala, e ninguém se manifestou em relação ao que sentiu. Pode ser que algumas pessoas podem não ter conseguido ver o que propomos e sim outras coisas. Após a exibição decidimos postar no canal da Revista de Cinema. Anteriormente ele não tinha título, durante a exibição decidimos por Aboreal (junção de aurora boreal com arbórea em relação com o nosso conceito sobre o nascimento e morte de estrelas, destruição e formação de planetas – crescimento e decaimento). Ainda realçamos o fato que o vídeo precisa ser escutado com fones de ouvido. Caso nós consigamos exibir em instalações, utilizaremos quatro caixas de som em cada canto das paredes. Diante disso, o mais interessante ao realizar este trabalho foi que não tínhamos controle do que poderia sair como produto final. Não podíamos controlar a água e nem os movimentos que ela gerava ao entrar em contato com os corantes e a possibilidade de cores que poderiam surgir dessa junção. Foi criado de forma aleatória propositalmente para que nós como telespectadores/criadores pudéssemos encontrar um significado. É normal para nós seres humanos, sempre buscarmos significados em qualquer coisa, não foi à toa que conseguimos chegar a essa representação da movimentação do universo e seus ciclos.
texto: Louise Dí Fatima

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